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Na Europa, Lula agora só tem "cartaz" em Moscou


Na Itália, Lula foi recebido de última hora; em Paris, foi “la decepção”. Mas o discurso na Torre Eiffel ficou lindo na TV. Viva o Coldplay
Ricardo Stuckert/PR Por: Walter Azzolini | 25/06/2023 10:00

O viajante internacional que nas horas vagas dá expediente no Palácio do Planalto não tinha nenhum compromisso em Roma, a não ser ir ao Vaticano, para tirar foto com o papa. O presidente Sergio Mattarella e a primeira-ministra Giorgia Meloni receberam o entrão Lula porque não havia outro jeito.

Na capital italiana, o viajante internacional repetiu as suas batatadas pró-Rússia e ouviu de Sergio Mattarella que Vladimir Putin, invasor da Ucrânia e criminoso de guerra, era comparável a Adolf Hitler na sua ambição imperialista. Giorgia Meloni, recém-chegada de um encontro bilateral com Emmanuel Macron, tinha bem mais o que fazer e só confirmou o encontro com Lula quando o viajante internacional já estava voando para lá. Além de aguentar as bobagens de Lula sobre a guerra na Ucrânia, Giorgia Meloni perdeu um pouco do seu tempo para ouvir que era fato extraordinário uma mulher ser primeira-ministra na Itália.

Áulicos do viajante internacional tentaram organizar, também na base do improviso, uma reunião com empresários italianos. Não deu certo. Lula teve apenas um encontro com Domenico de Masi, autor do livro O Ócio Criativo e amigo do viajante internacional, no qual ambos puderam pôr em prática a especialidade do sociólogo italiano.

De Roma, Lula seguiu para Paris, a fim de participar da cúpula sobre um novo pacto financeiro mundial. No seu discurso, o viajante internacional repisou a sua fala demagógica sobre desigualdades e chamou de “ameaça” aditivos da União Europeia ao acordo com o Mercosul, que vem sendo negociado desde 1999. Um dos aditivos é que não haverá importação europeia de produtos provenientes de áreas desmatadas (virou lei lá). O bom uso do vocabulário não é qualidade de Lula, definitivamente. Espero que tenha mantido bons modos à mesa no almoço com Emmanuel Macron, que já não gosta mais tanto assim do brasileiro, apesar do abraço para as câmeras.

Para aprimorar a imagem de líder confiável que ele vem construindo junto às democracias ocidentais, o viajante internacional também afirmou:

“Tem gente que se assusta quando eu falo que é preciso criar novas moedas em novos comércios. Não sei por que o Brasil e a Argentina tem que fazer comércio em dólar, por que a gente não pode fazer nas nossas moedas. Eu não sei por que o Brasil e a China não podem fazer nas nossas moedas, por que que eu tenho que comprar dólar.”

Como não poderia deixar de ser, ele foi aplaudidíssimo pelo nosso destino inexorável, o Terceiro Mundo. Alguém aí na plateia quer trocar dólares e euros por reais brasileiros, pesos argentinos, renminbis chineses ou rublos russos?

Depois da cúpula, em frente à Torre Eiffel, a convite da banda Coldplay, Lula recitou uma espécie de texto de Wikipedia sobre a Amazônia, em evento promovido por uma ONG ecológica. E, além de dizer a lorota de que o desmatamento ilegal na Amazônia será zerado em 2030, atacou os países que fizeram a Revolução Industrial, afirmando que eles têm uma dívida histórica com o planeta e eximindo os latino-americanos do aquecimento global. De fato, Lula só existe por causa da Revolução Industrial. Tudo ficou lindo na TV, porque a Torre Eiffel torna bonito até terno de deputado federal brasileiro. Viva o Coldplay.

O jornal Libération, de esquerda, decidiu colocar o viajante internacional na manchete, assim que ele chegou à França: “Lula, la decepção”, assim mesmo, em português. E completou: “O presidente brasileiro, em dificuldade no seu país, assim como na cena internacional, onde as suas posições antiatlânticas são reprovadas, é hoje em visita a Paris”. Lá dentro, a reportagem constata que “o presidente brasileiro não é o aliado precioso” que os ocidentais imaginavam. Aliás, ele é classificado simpaticamente de “falso amigo dos Ocidentais”.

Estrago feito nas hostes dos salvadores do mundo, os “gauchos” (gochôs, pronuncie comigo) amigos tentaram consertar o estrago, piorando a coisa toda — o mesmo Libération publicou uma entrevista com o camarada Celso Amorim, para o mau conselheiro de Lula dizer que “nós queremos que o Brasil seja um ator internacional importante”, mas de acordo com aquele irremediável script amorinesco que nos coloca sempre ao lado dos vilões da cena.

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