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Frigoríficos operam com dificuldades em meio à alta da arroba e queda no preço externo


Economista destaca que preços devem ser reajustados ao longo da cadeia
Foto: Nilson Figueiredo Por: Walter Azzolini | 17/10/2023 12:18

Com valores da arroba em alta e preços dos cortes exportados em queda, provocados pela escassez de boi gordo no mercado brasileiro, está obrigando os frigoríficos a elevar os preços pagos pelos animais. Com isso, eles estão enfrentado momentos difíceis.

Conforme analisou o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Staney Barbosa Melo, desde o início de 2023 o setor de bovinos passa por uma série de entraves que afeta tanto o produtor rural, quanto os frigoríficos.

“Parte deste quadro começou com os embargos feitos pela China, no começo do ano, que desestruturaram todo o setor e mudaram completamente as expectativas dos produtores rurais, que temeram pelo cenário que estava se desenhando e resolveram se desfazer de suas matrizes, aumentando a oferta para abate e reduzindo os preços da arroba em todo o país.”

Com a queda nos preços da arroba, os frigoríficos também sentiram dificuldades, afirma o especialista. A Marfrig, por exemplo, que teve lucro líquido de R$ 4,25 bilhões no segundo trimestre de 2022, fechou o segundo trimestre de 2022 com prejuízo de -R$ 784 milhões. Na mesma linha, a JBS fechou o segundo trimestre de 2023 com prejuízo de -R$ 263,6 milhões, sendo que no primeiro trimestre o prejuízo foi de -R$ 1,45 bilhão.

“Com as recentes altas na arroba é muito provável que os frigoríficos reajustem os preços ao longo da cadeia, isto porque conforme o excesso de oferta de animais, os frigoríficos precisam pagar mais pela oferta disponível, tensionando as margens de lucro de suas operações. Tudo vai depender da capacidade dos frigoríficos de repassar para preço os seus custos, de forma a alinhar a atividade com os demais elos da cadeia produtiva”, finaliza o economista Staney Barbosa de Melo, do Sindicato Rural.

Cenário em MS 

A última atualização (13) da cotação do boi em MS, segundo a Acrissul (Associação dos Criadores de MS) foi de R$ 228 para o boi gordo em Campo Grande. O boletim Casa Rural, da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), aponta ainda que a arroba do boi chegou a bater R$ 308, em abril do ano passado.

“A demanda não apresentou desempenho capaz de anular os efeitos da oferta de animais prontos para abate, que, historicamente, costuma ser mais abundante no encerramento da safra. No comparativo anual, os preços em 2023 estão ainda mais depreciados. É um efeito claro da oferta expressiva de animais, em especial do maior número de fêmeas”, detalha o informativo.

“A arroba do boi teve, em agosto, a maior perda de valor da história da pecuária. Nem quando as exportações para a China foram suspensas a desvalorização foi tão elevada”, afirma Michel Tortelli, sócio da Finpec.

Ponto de vista econômico 

O professor de ciências econômicas, Márcio Coutinho, defende que o atual cenário na indústria bovina seja algo temporário, por conta dos contratos que os frigoríficos firmam com seus fornecedores.

“No caso dos frigoríficos que vêm operando com a margem apertada, entendo que seja algo sazonal. Aperta a rentabilidade desses exportadores, mas acredito que eles não vão deixar de cumprir com seus contratos, até para manter a posição de mercado. E isso faz com que as empresas que estão no Estado continuem injetando renda localmente”, acredita.

O economista avalia ainda que a preocupação deve ser se essa redução de preços, principalmente para o mercado externo, permanecerá em longo prazo, levando as indústrias a tomarem algum posicionamento, afetando outros setores. O profissional recorda que a demanda de carne no Brasil é grande e deve ser levada em consideração.

“É bom lembrar que a carne produzida, algo em torno de 25% a 30%, que é destinada ao mercado externo, o restante é consumida aqui, no país. Então, o mercado brasileiro tem uma forte demanda e isso poderá compensar eventuais perdas que possam ocorrer no mercado externo pelas empresas exportadoras. Difícil é prever algum cenário, mas é prudente ter cautela”, alerta o economista.

Estabilidade no boi gordo 

Na sexta-feira pós-feriado (13), o mercado do boi gordo não mudou, informou a Scot Consultoria, de Bebedouro, SP.

“Com o incremento nas cotações do boi comum e da novilha gorda durante a semana, hoje as cotações ficaram estáveis”, relata a consultoria. Com isso, no mercado paulista, a arroba do boi destinado ao mercado interno está sendo negociada em R$ 235, enquanto a vaca e a novilha gorda valem R$ 210 e R$ 225, respectivamente (preços brutos e a prazo).

Segundo o zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot, a oferta brasileira de boiadas segue compassada e a demanda firme, sustentando os preços vigentes. Em São Paulo, o valor do boi “comum” registrou alta de 2,2%, na última semana, enquanto o “boi-China” teve aumento de 4,3%, em sete dias.

Margem dos frigoríficos

Com custos mais elevados, os frigoríficos começam a sentir a pressão sobre suas operações. Indicadores da Scot Consultoria mostram que a margem média das empresas no fim de agosto estava 42%, considerando apenas as operações no mercado doméstico. No fim de setembro, haviam recuado para 21%.

“As margens das indústrias tendem a sofrer um achatamento até o fim do ano, ainda que os patamares sejam relativamente confortáveis. Os frigoríficos de menor porte são os que vão sofrer mais, especialmente aqueles que trabalham apenas com abate”, afirma Alcides Torres, presidente da Scot Consultoria. (oestadoonline)




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