Etanol feito de milho tende a "engolir" cana-de-açucar

Até outubro de 2024, Mato Grosso do Sul está prestes a se tornar um grande produtor de etanol de milho, com capacidade de produzir quase dois bilhões de litros por ano em três indústrias. Conforme informações do jornal ocorreiodoestado, essa produção se aproxima da quantidade total de etanol produzido a partir da cana-de-açúcar em 19 usinas do estado, que foi de 2,5 bilhões de litros na última safra.

A segunda indústria de etanol de milho no estado, localizada em Maracaju e operada pela Neomille, recebeu a licença de operação do governo estadual, permitindo que ela entre em operação imediatamente. Com um investimento de cerca de R$ 1 bilhão, a unidade de Maracaju inicialmente processará 600 mil toneladas de milho, produzindo 280 milhões de litros de etanol por ano, com planos de duplicar essa capacidade em breve. A inauguração oficial está prevista para janeiro.

Além da Neomille, a Inpasa já opera uma unidade de etanol de milho em Dourados desde o ano passado e está programada para fechar 2023 com uma produção de 935 milhões de litros. Uma terceira indústria do grupo Inpasa em Sidrolândia está em fase inicial de instalação, com previsão de entrar em operação no final do próximo ano, com capacidade de 500 milhões de litros por ano.

Se todas as operações forem bem-sucedidas, Mato Grosso do Sul passará a dedicar cerca de um terço de sua produção anual de milho, cerca de 4,8 milhões de toneladas, a essas indústrias. Isso representa um grande impulso para a economia local, mas também levanta questões sobre o futuro das usinas de cana-de-açúcar na região.

Em termos de etanol, o milho se mostra mais atraente devido a custos de produção mais baixos, retorno mais rápido e menores riscos operacionais em comparação com o etanol de cana-de-açúcar. Nos últimos dois anos, o lucro por litro vendido do etanol de milho foi significativamente maior em comparação com o etanol de cana-de-açúcar.

No entanto, as usinas de cana ainda têm vantagens quando se trata da produção de outros derivados, como açúcar e ração, além da energia. Portanto, embora o etanol de milho esteja ganhando terreno, o setor de cana-de-açúcar ainda pode encontrar seu lugar na economia local.