| Naviraí/MS - Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024

Produtores em MT estimam quebra na receita de quase 50%


Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso Por: Editorial | 12/04/2024 09:26

quebra na receita esperada na safra 2023/24 para honrar os compromissos chega a cerca de 50% em Mato Grosso. É o que estimam alguns produtores, diante dos resultados observado nas lavouras causados pelas adversidades climáticas.

Recente pesquisa realizada em Mato Grosso mostra que 87,2% dos produtores de soja não irão conseguir cobrir o custo total da safra 2023/24. O levantamento foi realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em parceria com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

Produtor em Paranatinga, Vanderlei José Kochan está na reta final da colheita dos 1,5 mil hectares cultivados com soja nesta temporada. Segundo ele, a esperança de obter um resultado melhor que no ciclo 2022/23 foi frustrada, comprometendo a sua rentabilidade e o deixando sem perspectivas de conseguir honrar os compromissos.

O produtor da região sudeste do estado conta que, após as perdas com a seca, a chuva descontrolada no final da safra, variando entre 450 e 500 milímetros, elevou ainda mais as suas preocupações.

“Hoje eu acredito que se fechar em 20 sacas [por hectare] é muito. Antes das chuvas, só com as perdas para a seca, nós já contabilizamos 25 sacas. Dia 30 de abril em diante tem muita conta para pagar e agora tem que ver o que colheu e o que dá para pagar. Tentar renegociar e trocar o barco”.

Vanderlei comenta, à reportagem do Canal Rural Mato Grosso, que sua dívida somente com o custeio está “na casa dos seus R$ 4 milhões”, além de mais R$ 5 milhões a R$ 6 milhões em investimentos em financiamento de maquinários. Em uma matemática rápida, entre o que há para pagar e a rentabilidade na safra, ele afirma que a conta “não fecha e eu acredito que aqui vai ficar deficitário de 30% a 40% para pagar“.

soja quebra foto Pedro Silvestre Canal Rural mato GrossoFoto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Socorro federal insuficiente

Assim como o produtor de Paranatinga, muitos agricultores enfrentam situação semelhante em Mato Grosso, de acordo com a Aprosoja. A entidade afirma, ainda, que as medidas de socorro anunciadas no final de março pelo governo federal são insuficientes para resolver o problema.

O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, pontua que no estado há muitos casos em que a média de produtividade deverá fechar em 10, 20 sacas por hectare. “Esses produtores não vão conseguir cumprir nem os contratos de venda de soja para garantir o custo básico da lavoura, que seria com sementes, químicos e fertilizantes”.

Ao Canal Rural Mato Grosso, ele lembra que no início do ano a entidade solicitou auxílio do governo federal com US$ 1,5 bilhão a juros de 5,5% ao ano, com um ano de carência e cinco anos para pagar, além de uma linha de crédito de R$ 1,05 bilhão com juros de 7%, um ano de carência e sete anos para pagar.

“Ou seja, colocaria no mercado mais de R$ 40 bilhões para que os produtores pudessem acessar esses recursos justamente e a não termos esse problema na cadeia e até evitar ondas de recuperações judiciais”.

Ainda conforme o presidente da Aprosoja-MT, sabe-se que para o custeio cerca de 95% dos recursos são oriundos do setor privado e que diante disso “o que o governo anunciou não vai beneficiar praticamente em nada perto do rombo que essa crise está causando no bolso do produtor”.

Patrulheiro Agro Soja seca chuva foto Pedro Silvestre Canal Rural Mato GrossoFoto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Pesquisa eleva preocupação, diz Aprosoja-MT

No que tange a pesquisa realizada, que apontou que 87,2% dos produtores no estado não irão conseguir cobrir o custo total da safra de soja 2023/24, Lucas frisa ser preocupante ver que tal percentual de produtores está no “vermelho” este ano.

O presidente da Associação considera a pesquisa importante e de grande peso, pois ela corresponde a mais de 20% da área de soja produzida no estado.

“Dentro da pesquisa se descobriu que apenas 13% tiveram a produtividade maior do que o custo de produção, ou seja, 87% estão no vermelho este ano e mais do que nunca seria necessário um socorro por parte do governo digno, que realmente trouxesse ajuda para esse produtor. Nós precisaríamos que o Ministério da Agricultura intervisse junto com as tradings, com as compradoras, para trazer uma renegociação mais digna para esses produtores, sabendo que hoje todo o risco da atividade rural fica nas mãos do produtor e na hora de renegociar ele fica sujeito às cláusulas leoninas que devastam com todo o bom histórico que o produtor teve”.

A pesquisa realizada pelo Imea, em parceria com a Aprosoja-MT, revelou ainda que a produtividade média das áreas levantadas foi de 51,8 sacas por hectare, 20,2% menor que o verificado na última temporada, que ficou em 64,9 sacas por hectare. O levantamento alcançou 99 dos 142 municípios de Mato Grosso. (Canal Rural)




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