| Naviraí/MS - Sexta-Feira, 29 de Marco de 2024

Em MS, menos de um terço dos cargos gerenciais é ocupado por mulheres


Foto: divulgação Por: | 28/05/2023 18:08

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou hoje, 03 de março, a segunda edição do estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, com informações fundamentais para análise das condições de vida das mulheres no País. A sistematização de indicadores sociais que retratam a sociedade brasileira e subsidiam a formulação de políticas públicas é agenda permanente de trabalho do IBGE desde a década de 1970, tendo como base a produção de relatórios sociais, cujo eixo estruturador são as persistentes desigualdades sociais evidenciadas nos mais distintos aspectos da vida da população. Essa trajetória se pauta pela análise e discussão da qualidade de vida das pessoas, da realização de direitos, da equalização de oportunidades e da universalização da cidadania. A seguir estão os principais destaques de Mato Grosso do Sul.

Resumo

  • Em 2019, as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens (19,6 horas contra 10,0 horas).
  • Mulheres pretas e pardas dedicam mais tempo aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos que mulheres brancas.
  • O estado tem a 5ª maior proporção (50,1%) de mulheres que ocupam cadeira docente do país.
  • MS tem a maior proporção de casamentos quando a idade do cônjuge feminino é de menos de 16 anos.
  • Pela primeira vez taxa de homicídio no domicílio ultrapassa os homicídios fora do domicílio.
  • A proporção de mulheres eleitas teve um aumento de 46,5%, no entanto, os 19,2% registrados ainda se mantém distantes da proporção de habitantes do sexo feminino no estado.
  • Menos de um terço dos cargos gerenciais é ocupado por mulheres.

Em MS, mulheres dedicam quase o dobro de tempo em cuidados e afazeres domésticos que os homens

O maior envolvimento no trabalho não remunerado contribui para explicar a menor participação das mulheres no mercado de trabalho. O indicador Número de horas semanais dedicadas às atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos, por sexo, ao ser desagregado segundo idade e localização, fornece informações para o monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres) e é de extrema importância para dar visibilidade a esta forma de trabalho.

Em Mato Grosso do Sul, em 2019, as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens (19,6 horas contra 10,0 horas). Embora no estado as mulheres dedicassem mais horas a estas atividades (19,6 horas), o estado tem apenas a 13ª menor desigualdade entre as Unidades da Federação, sendo a maior encontrado na Paraíba (25,1 horas contra 11,7 horas) e a menor se encontrava no Amapá (17,1 horas contra 11,9 horas).

No recorte por cor ou raça, as mulheres pretas ou pardas foram as que mais se dedicavam aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos. A média das horas semanais empregadas nos cuidados de pessoas/afazeres domésticos era de 17,6 horas entre as mulheres pretas ou pardas e de 16,6 horas entre as brancas, o que significa 82% de horas a mais do que os homens. Isso porque entre os homens sul-mato-grossenses pretos e pardos a carga horária semanal era de 9,7, e de 9,6 entre os brancos.

Mesmo para as mulheres que se encontram ocupadas o seu maior envolvimento em atividades de cuidados e/ou afazeres domésticos tende a impactar na forma de inserção delas no mercado de trabalho, que é marcada pela necessidade de conciliação da dupla jornada entre trabalho remunerado e não-remunerado. O indicador Proporção de pessoas ocupadas em trabalho parcial mostra que, em 2019, cerca de 1/3 das mulheres estavam ocupadas em tempo parcial – até 30 horas –, quase o dobro do verificado para os homens (15,6%).

MS tem a maior proporção de casamentos quando a idade do cônjuge feminino é de menos de 16 anos

Apesar do ano 2019 trazer a menor proporção de casamentos no grupo de até a 17 anos (3,0%), MS ocupou a primeira posição por grupos de idade do cônjuge feminino com menos de 16 anos (0,4%). Na série histórica, que começou em 2011, somente nos anos 2011 (0,8%), 2012 (0,6%) e 2017 (0,5%) MS não ocupou a primeira posição, mas ficou em segundo lugar no ranking desse grupo de idade.

O estado também apresentou a menor proporção na sua série histórica por grupo de idade do cônjuge feminino entre 16 e 17 anos (2,6%), décimo segundo entre as UFs. A proporção mais alta ocorreu no ano de 2011 quando apresentou 5,6% nesse grupo de idade.

Em relação a taxa específica de fecundidade de mulheres de 15 a 19 anos, MS ocupou a nona posição entre as UFs em 2019 (74,0%). As três maiores porcentagens ficaram com o Amazonas (93,2%), Acre (88,5%) e Roraima (88,3%), e as menores foram Minas Gerais com 46,9%, Rio Grande do Sul com 45,9% e Distrito Federal com 42,7%.

Em 2019, MS volta a ter maior proporção de mulheres que ocupam a cadeira docente

Em números absolutos, para o ano de 2019, são 3.179 mulheres docentes para 3.161 homens em Mato Grosso do Sul, ocupando a quinta posição entre as UFs atrás apenas do Piauí (50,2%), Paraíba (50,4%), Mato Grosso (50,4%) e Bahia (51,8%). A melhor posição de MS foi nos anos 2003 e 2011 quando ocupou segundo lugar.

Pela primeira vez taxa de homicídio no domicílio ultrapassa os homicídios fora do domicílio

O estado ficou na 14ª posição em relação a taxa de homicídios (por 100 mil habitantes), com 4,8%, ou 66 em números absolutos (2018). Analisando os anos de referência (2008, 2013, 2017 e 2018) temos que, em 2018, é a primeira vez em que a taxa de homicídios no domicílio (2,5%) ultrapassa a taxa dos homicídios fora do domicílio (2,2%). Mato Grosso do Sul ficou na segunda posição entre as UFs quando o assunto é taxa de homicídio das mulheres no domicílio, e em vigésimo fora do domicílio. As mulheres brancas (2,4%) são as que mais morrem no domicílio, frente as pretas e pardas (2,1%), 2º e 6ª posição, respectivamente, entre as Unidades da Federação. Contudo, essa taxa se inverte quando o homicídio ocorre fora de domicílio. As mulheres pretas e pardas, com 3,2%, são mais afetadas em comparação com as mulheres brancas, com 1,0%.

 Participação das mulheres na política e em cargos de gerência não reflete a proporção da população

A proporção de mulheres eleitas teve um aumento de 46,5%, no entanto, os 19,2% registrados ainda se mantém distantes da proporção de habitantes do sexo feminino no estado. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2019, 50,4% dos habitantes de MS eram mulheres. O valor é o 6º maior entre as UFs, ficando RN com a maior proporção (21,8%) e RJ com a menor (9,8%)

Desde 1995, o Brasil possui legislação que prevê cotas eleitorais, reservando um percentual de candidaturas em eleições proporcionais para as mulheres. Contudo, apenas com a Lei n. 12.034, de 29/09/2009, essas cotas tornaram-se obrigatórias, de modo que, em eleições proporcionais, haja no mínimo 30% e no máximo 70% de candidaturas de cada sexo, por cada partido ou coligação partidária. Enquanto as candidaturas se mantiveram em patamares próximos do mínimo, mas semelhantes entre 2014 e 2018, a proporção de mulheres eleitas no estado aumentou de 12,5% para 25%. A proporção de candidatas é a 19ª maior entre as UFs, enquanto a de eleitas é a 7ª maior. O maior percentual é do DF, com 62%. O menor, de PE, com 4%.

O descompasso entre a proporção de candidatas e deputadas mulheres em exercício pode ser atribuído, segundo estudos eleitorais, há fatores como falta de apoio material às candidaturas femininas, inclusive no âmbito dos partidos políticos, e ao maior sucesso eleitoral dos candidatos que já eram parlamentares anteriormente. Em 2018, entre as sete candidaturas para o cargo de deputado federal que contaram com receita superior a 1 milhão de reais, em MS, apenas duas (28,6%) eram de mulheres.

A proporção é a 10ª entre as UFs. A maior proporção de candidaturas femininas com receita da candidatura acima 1 milhão foi registrada no AC, com 50%. A menor, no MA, com 7,1%.

Percentual de policiais femininas não atinge 30% do efetivo

A proporção de mulheres policiais é outro fator que precisa ser acompanhado. Além de atender à meta de integrar as mulheres à vida pública, a presença de mulheres no corpo policial está prevista dentre as medidas de assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar. Especificamente o Art. 10-A da Lei n. 11.340, de 07/08/2006, dispõe que “é direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores – preferencialmente do sexo feminino – previamente capacitados”.

MS tem 7ª maior proporção de policiais (PM e PC) femininas entre as UFs. Enquanto o maior número fica com AP (24,3%), o menor foi registrado em RN (5,3%).

Menos de um terço dos cargos gerenciais é ocupado por mulheres

Por fim, o indicador Participação das mulheres nos cargos gerenciais aborda a inserção das mulheres em posições de liderança tanto no setor público – como, por exemplo, diretoras de órgãos governamentais –, quanto no setor privado – como em cargos de diretoria ou gerenciais de empresas privadas.

Trata-se de um indicador que, além de tratar da questão da participação das mulheres na vida pública e tomada de decisão, colabora com a compreensão de certas características do mercado de trabalho, como a desigualdade de rendimentos entre homens e mulheres.

Os números para MS vinham evoluindo desde 2013, porém, a evolução percebida até 2016 foi interrompida, trazendo os números para menos de um terço desde 2018, tendo 2019 trazido número ainda menor.

Taxa de desemprego das mulheres é 69,5% maior que a dos homens em MS

Em Mato Grosso do Sul, a taxa de desemprego entre as mulheres, em 2019, foi de 10%, 69,5% superior à taxa de desocupação dos homens (5,9%). Em relação a análise por cor ou raça, a taxa de desocupação era maior entre as mulheres brancas (12%) do que entre as pretas ou pardas (11,4%). Na média nacional, a taxa de desocupação feminina foi de 17,7%, sendo 16,8% entre as mulheres pretas ou pardas e 11% entre as brancas.

No ranking entre as UFs, o Amapá (20,8%) possuía a maior taxa de desocupação de mulheres com 14 anos ou mais de idade, e Santa Catarina o menor (7,6%).

Mortalidade infantil é maior entre os meninos

A mortalidade entre pessoas menores de 5 anos é maior entre os homens, mas tem diminuído ao longo dos anos para ambos sexos. Enquanto em 2011 a taxa de mortalidade entre meninos era de 21,5% e entre as meninas 17,8%. Em 2019 os números ficaram em 17,1% e 13,7% respectivamente. A queda foi de 20,5% entre os homens e de 23% entre as mulheres.

Os números de mortalidade infantil, assim como os de mortes violentas, influenciam diretamente na expectativa de vida aos 60 anos. Em MS, em 2019, uma mulher de 60 espera viver cerca de 24,3 anos. Enquanto os homens, 20,5 anos. Em 2011, estes números eram, respectivamente, 23 anos e 19,6 anos. Os números são reflexos, também, do maior cuidado com a saúde que as mulheres tendem a ter. Tal fenomeno é corroborado pela Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada em 2020 pelo órgão. 

IBGE



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