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Hoje é Segunda-feira, 27 de Outubro de 2025.
A primeira vacina desenvolvida no Brasil contra a gripe aviária em humanos acaba de dar um passo importante: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início dos testes clínicos do imunizante, criado pelo Instituto Butantan. A testagem será realizada em três estados: Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo, envolvendo 700 voluntários.
O estudo clínico será conduzido pelo Plátano Centro de Pesquisas Clínicas, sob coordenação dos pesquisadores Rafael Dhalia, da Fiocruz Pernambuco, e Carlos Brito, da própria Plátano. O objetivo é avaliar a segurança e a resposta imunológica da vacina, considerada promissora no combate à gripe aviária e na prevenção de futuras pandemias.
Os participantes, divididos em dois grupos etários — de 18 a 59 anos e acima de 60 —, receberão duas doses com intervalo de 21 dias. A cada sete voluntários, apenas um receberá placebo, ou seja, uma substância sem o princípio ativo. O acompanhamento clínico será feito ao longo de sete meses, com visitas periódicas e exames detalhados.
Antes da primeira dose, todos os participantes passarão por uma triagem no Real Hospital Português, que incluirá exames bioquímicos, hematológicos e sorológicos. Já a análise da resposta imune celular será conduzida na Fiocruz Pernambuco.
Segundo Dhalia, a vacina “se apresenta como uma possível ferramenta para a criação de anticorpos eficazes contra a gripe aviária, funcionando como um pilar preventivo para evitar uma nova crise pandêmica”. O pesquisador ainda destaca o papel crucial dos voluntários, que ajudam a impulsionar o avanço da ciência e a salvar vidas.
A vacina do Butantan é baseada em tecnologia de última geração e pode representar um importante escudo imunológico não apenas contra a cepa H5N1, mas também contra outras variantes da gripe aviária, como H5N8 e H7N9 — todas altamente letais e com elevado potencial de mutação.
Desde 2021, essas variantes já causaram a morte de cerca de 300 milhões de aves ao redor do mundo, além de afetar 315 espécies silvestres em pelo menos 79 países, de acordo com dados internacionais.
Nos humanos, os casos ainda são esporádicos, mas os números são preocupantes: entre 2003 e 2024, foram confirmados 954 casos em 24 países, com 464 mortes — o que representa uma taxa de letalidade de 48,6%. Para comparação, a letalidade da covid-19 ficou abaixo de 1%.
Interessados em se voluntariar para os testes podem fazer a pré-inscrição por meio da página oficial do estudo clínico. Os organizadores ressaltam que a participação é voluntária, gratuita e que todos os dados serão tratados com sigilo e ética científica. Com infomações Canal Rural.
