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Exame de sangue mostra eficácia no diagnóstico do Alzheimer e pode chegar ao SUS

Pesquisadores brasileiros confirmam potencial da proteína p-tau217 como biomarcador e estudam viabilidade do teste na rede pública de saúde.
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Pesquisador brasileiro Eduardo Zimmer, da UFRGS, participa de estudo que confirma a eficácia do exame de sangue para diagnóstico do Alzheimer (Foto: Instituto Serrapilheira/Divulgação). Por: Editorial | 16/10/2025 07:22

Cientistas brasileiros confirmaram o potencial de um exame de sangue para o diagnóstico do Alzheimer, apontando a proteína p-tau217 como o biomarcador mais promissor para identificar a doença de forma simples e precisa. O estudo, apoiado pelo Instituto Serrapilheira, tem como objetivo futuro levar o exame ao Sistema Único de Saúde (SUS), tornando o diagnóstico acessível em larga escala.

Segundo o pesquisador Eduardo Zimmer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atualmente o diagnóstico no Brasil depende de dois métodos: o exame de líquor, um procedimento invasivo que exige punção lombar, e o exame de imagem, geralmente uma tomografia. Ambos demandam infraestrutura e custos elevados, dificultando a aplicação em todo o território nacional.

A pesquisa, assinada por 23 cientistas — incluindo oito brasileiros — analisou mais de 110 estudos envolvendo cerca de 30 mil pessoas, confirmando o desempenho superior da p-tau217 na detecção da doença. Em testes realizados com 59 pacientes, o exame apresentou acurácia acima de 90%, comparável ao “padrão ouro” do líquor e dentro dos parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Outro grupo de pesquisadores, do Instituto D’Or e da UFRJ, obteve resultados semelhantes, o que reforça a confiabilidade do método. “São duas regiões diferentes do país, com genética e características socioculturais distintas, e o exame funcionou muito bem”, destacou Zimmer.

O diagnóstico precoce do Alzheimer é considerado um dos principais desafios de saúde pública mundial. A OMS estima que 57 milhões de pessoas convivam com algum tipo de demência, sendo 60% delas diagnosticadas com Alzheimer. No Brasil, o Relatório Nacional sobre Demência (2024) aponta 1,8 milhão de casos, número que pode triplicar até 2050.

Baixa escolaridade e impacto no cérebro

Os cientistas também observaram que a baixa escolaridade é um fator que acentua o avanço da doença, possivelmente por reduzir a “reserva cognitiva” do cérebro. “O cérebro exposto à educação formal cria mais conexões e se torna mais resistente ao declínio cognitivo”, explicou Zimmer.

Caminho até o SUS

Embora o exame já esteja disponível na rede privada — com testes importados custando até R$ 3,6 mil —, os pesquisadores defendem a criação de uma versão nacional e gratuita. Para ser incorporado ao SUS, o exame ainda precisa passar por novas etapas de validação, padronização e planejamento logístico.

“Precisamos entender onde as análises serão feitas, quando os exames serão utilizados e que população será beneficiada”, afirmou Zimmer. Os resultados definitivos devem ser apresentados em até dois anos, e os próximos estudos incluirão pessoas acima de 55 anos, faixa etária em que surgem os primeiros sinais da forma pré-clínica da doença.

A pesquisa foi publicada na revista Molecular Psychiatry e teve seus achados reforçados por uma revisão internacional publicada em setembro, no periódico Lancet Neurology. Com informações: Agência Brasil.




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