| Naviraí/MS - Quinta-Feira, 28 de Marco de 2024

Enquanto tenta se acostumar com muletas, gari com perna amputada pede justiça


Felipe da Silva se recupera em casa enquanto espera perícia do INSS. (Foto: Kísie Ainoã) Por: | 28/05/2023 18:08

Mais de um mês após o acidente que custou uma perna para o gari Felipe da Silva, 24 anos, ele e a família seguem sem andamento no inquérito do motorista Mario Barbosa Neto, 29, que atingiu o trabalhador durante a madrugada do dia 12 de março, por volta das 4h, no Bairro Carandá Bosque, em Campo Grande.  

Era para ser mais um dia comum de trabalho para o gari, que havia sido contratado há apenas seis meses, mas a tragédia mudou para sempre o destino dele e de sua família.

Felipe estava no caminhão estacionado e esperava um colega terminar de coletar resíduos na rua, quando um carro em alta velocidade, e aparentemente desgovernado, surge e o prensa entre os dois veículos. Felipe teve diversas fraturas e precisou amputar a perna esquerda.

“A gente nunca imagina que vai acontecer. Eu só não vi a hora que o veículo veio, porque estava de costas na plataforma, mas o resto eu lembro de tudo. O impacto foi tão forte que o veículo foi um pouco para trás”, disse.

Com a rotina mudada repentinamente, Felipe ainda tenta se adaptar. Ele relata que ainda não se acostumou a usar as muletas e tem problemas de equilíbrio. Os olhos ficam marejados ao lembrar das cenas do acidente, e a indignação aparece na fala quando é questionado sobre o andamento das investigações. 

“Eu ainda fico relembrando as imagens na minha cabeça e ainda tem que se acostumar com tudo isso, é difícil. Às vezes, a gente quer fazer as coisas sem ajuda das pessoas e não consegue. Minha filha completou um ano quando eu ainda estava internado no hospital, agora, ela começou a andar e não dá para acompanhar ela de muletas. Quero pegar no colo e não consigo. Mas graças a Deus pela minha vida, só com o tempo para se acostumar.”

Pessoas que testemunharam o acidente relataram que o motorista apresentava sinais de embriaguez, como desorientação e olhos avermelhados.

“Ele desceu do carro e parecia que não sabia nem onde estava, estava bastante atordoado, bêbado. É uma irresponsabilidade, porque a gente estava trabalhando, certo que podia ser qualquer um, mas de qualquer forma, é uma responsabilidade terrível”, completou Felipe. 

Na casa da família, três pessoas dependem da renda do gari: a esposa, a sogra e a filha de um ano. Agora, ele espera a perícia do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para se aposentar por invalidez. Enquanto não realiza o exame, continua recebendo salário e os benefícios da Solurb, concessionária responsável pela limpeza urbana da Capital.

“A justiça tem que ser feita, é a lei. Um cara desse, acredito que seja um perigo para a sociedade, porque nem foi homem para ficar e assumir o que fez, está achando que o que ele fez foi brincadeira, não tem justificativa”, disse ainda o gari.

Sem respostas - No dia do acidente, o motorista foi conduzido para a Santa Casa de Campo Grande para receber atendimento médico, mas em seguida, foi liberado e não fez teste do bafômetro. Felipe ficou 16 dias internado e só foi aberta investigação policial para apurar o atropelamento quando ele recebeu alta e procurou o advogado Vinicius Pizetta.

“É a Lei Seca. Se ele está bêbado, ele faz o teste do bafômetro, é preso e é encaminhado para a delegacia. É um descaso muito grande, o caso do Felipe está sendo tratado com um descaso fora do comum”, apontou o advogado. (campograndenews)




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